terça-feira, 30 de setembro de 2008

Da rapidez e moleza do tempo

Tempo lerdo, computador lento, virulento.Teclado falhando, mouse arrastando, internet caíndo. Mesa entulhada, fios empoeirados, salvando. Impressora sem tinta, cadeira que dói a bunda, pen drive emprestado.Trezentos emails, menos o teu.

Meu coração


Meu coração fala, chora, conversa, grita, arrepende e contenta. Viveu uma vida plena, sem rancor, sem ódio e sem solidões. Meu coração falou e falou até que cansou, pereceu e foi plantado, a sete palmos do chão em que piso. O tempo passou e mesmo eu o tendo regado, ele não floresceu, e eu fiquei com um buraco em meu peito e com meu sangue estagnado.

Tempos Calientes

Gosto de viajar, principalmente quando em boa companhia e para rever “afetos de fato”. Beijos, abraços, café quente na cozinha, sopinhas. Conversas, risos, astral. Passeios, bufanda, fotografias e aquela sensação de liberdade, de não ter hora nem lugar. Tempo para observar, conhecer, sentir prazer, sonhar, ter a alma em festa e retornar trazendo no coração lembranças calientes - até porque, quem disse que faz frio em Buenos Aires?

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Pra tudo existe um "porque".


Escrever é minha válvula de escape. É falar tudo sem dizer uma única palavra. É passar a melancolia ou até mesmo alguma felicidade pro papel. Sem sofrer não há o que escrever. É poder conversar e ser entendido. Imortalizar palavras, pessoas também. Idéias então...
Alguns "ensinam" a escrever bem, o que não é possível. Você já nasce com isso: sabe escrever ou não sabe. Até hoje eu não sei se sei. Entendeu? Fico me entregando ao meu vício maior: pensar demais. E, consequentemente, escrever esses pensamentos.

Propostas indecentes para eleitores indecisos



Dona Jandira Obama Gabeira sempre teve seus desejos satisfeitos desde a mais tenra idade. Acerta sempre na cabeça, mirolha cerca pelos sete lados. Anda sonhando em estar na Oprah, plasma a prefeitura do rio, a presidência do mundo. Mas, precisa dos votos dos indecisos esses caras estão difíceis de se convencer, pois, são carecas. Dependem de seus braços e pernas, do salário depositado no fim do mês. Hoje eles sabem que aquele (lu)gar lá, não tem nada para eles.Hoje eles estão se decidindo; voto em branco ou voto nulo?

Afetos de fato



"natural é as pessoas se encontrarem e se perderem".
(caio fernando abreu)


certos gestos são tão peculiares que nos transportam a momentos igualmente singulares e é daí que sobrevivem as memórias afetivas ## a hora do café e o ritual que antecede o primeiro gole: a escolha do lugar, a mesa distanciada do vai e vem dos garçons; decidir entre descafeínado, capuccino, expresso, pingado, carioca, pequeno ou duplo ## aguardar a chegada das xícaras alinhavando palavras em conversas banais, (pré)sentir o aroma e então, o gesto: o envelope de adoçante levemente sacudido no ar, em seguida, rasgado apenas de um lado e, finalmente, despejado na bebida quente ## faz-se um silencio que apenas permite o som distante de um piano enquanto os primeiros goles vagarosamente são saboreados ## pequenos prazeres que certamente não se repetem com freqüência e, por isso mesmo, se constituem prazeres (e pequenos porque valiosos) ## daí, sobrevivem as memórias e os afetos.

domingo, 28 de setembro de 2008

Festa de peão




Ser o que os outros imaginam, sem saber não é. Desafiar desrespeitando os perigosos rodeios em que todos são derrubados, restando a vitória por cair mais tarde. A tradicional vida pronta garante a felicidade? Fórmulas,dicas e regras de condução aonde me levam? Ora maravilha, ora corredor, ora por nossa senhora que me leva embora.

Das finalidades da sacola do supermercado




“Nina” – minha cadela que é um misto de vaquinha malhada e leão marinho –costuma fazer suas necessidades por todo lado. Para manter a higiene do ambiente que habitamos, me obriga a fazer um longo percurso que passa pelo quintal, varanda, garagem e canteiros da casa. Ela me faz brincar de jogar sua bola furada, seu porco-espinho de borracha e seu velho chinelo ou ter que procurá-los quando não sabe onde os escondeu. Despudorada, quando saímos a passear, ela escolhe sempre uma esquina bem movimentada, de preferência com um bar lotado de cervejeiros, fazendo com que eu demonstre toda minha nobreza ao manter limpa a via pública. Não costumo olhar em torno mas sempre dou de cara com as mais variadas expressões que vão da aprovação ao nojo. Quando passeia, cheira tudo pelo caminho que é só de ida, sem volta. Nina quer ir sempre adiante, empacando se tiver que voltar prá casa e, quando está bem distante, desaba num longo cansaço quase mortal. Cada vez mais gorda ela vem preencher o buraco do que falta em minha vida. Nina eu te amo!

Presença




Pátina, assim se chama. Não, não sugere em nada a idéia da pátina como efeito, é branca, inexistindo manchas ou qq outro sinal em seu pelo. O nome decorre do tempo da oficina onde dormia tranqüilamente enquanto eu trabalhava com a técnica. Linda, serena e próxima. Sem, no entanto, ser íntima. Guarda segredos como ninguém, eu mesma, já lhe confidenciei uns tantos. Divide a cama com poucos amigos e a seleção é um mistério para mim. De manhã é capaz de ficar horas me observando enquanto durmo, esperando com paciência o meu despertar. E, quando levanto, mia, desce os primeiros degraus rapidamente, pára no meio da escada, aguarda e, a partir daí, observa enquanto prossegue. Detesta surpresas. No seu silêncio, aconselha, faz refletir. Sua presença é fundamental e, em tempos de crise, imprescindível.