
Auto-mar
A minha navegação
não é de água salgada, não.
É de água da cor de barro,
de lembranças a boiar.
Coisa de memória feita
(rio a correr noutro rio),
nele se perde a rasura
mesmo no palmo a nadar.
Para saber dessas águas,
é preciso olhar as margens
e o que nelas mais não há:
bichos, casa de menino,
qualquer coisa do lugar.
O navegar principia
nas ausências do lembrar.
Nessas memórias desfeitas
que começo a rascunhar.
De navio não preciso
(seria tolo pensar).
O navegar aqui é rito:
navegação de auto-mar.
3 comentários:
Bem-vindo poeta, a sua navegação é pura emoção!
bjos.
P.S.A foto tb tá linda!
Animando as distrações com uma grande aquisição.Blz!
Vou dizer mais uma vez o quanto adoro esse poema.
Admiro como você se posiciona diante das palavras.
beeijos xx*
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